Folclore
Tarde para viver um pouco do Nordeste
Evento no Mercado Central reuniu pessoas de diferentes localidades para celebrar um pouco da diversidade cultural brasileira
Jô Folha -
A tarde de sol e a temperatura em torno dos 23ºC contribuíram para trazer o clima dos festejos juninos do Nordeste do país para Pelotas, propósito do 1º Encontro de Nordestinos. O evento ocorreu neste domingo (21) no Mercado Central e reuniu pessoas de diferentes localidades, numa celebração à diversidade cultural que forma o Brasil.
A iniciativa da paraibana Andreia Santos, que de início queria reunir amigos na própria casa, tomou fôlego no Facebook e se materializou como uma feira da cultura nordestina nos pátios do Mercado Central e no largo Edmar Fetter.
A abertura, no pátio 4, que ocorreu pouco depois das 14h, foi com leitura de poemas e cordéis em um cenário com bandeirinhas e tecido de chita multicoloridos que homenageou a vertente religiosa das festas, lembrando Santo Antônio, São João e São Pedro. Enquanto isso, no largo Edmar Fetter, na feirinha gastronômica, se podia experimentar mugunzá e pamonha.
Às 15h, no pátio 3, a oficina de forró colocou o público para dançar. Na sequência, às 16h, o público foi convidado a se deslocar ao pátio 1, onde estava a exposição de xilogravura e cordel, para assistir ao teatro de mamulengo, o típico fantoche nordestino. O evento teve ainda casamento do matuto e quadrilha.
Mistura de culturas
O teatro de bonecos ficou sob responsabilidade da artista plástica Francis Silva, potiguar de nascimento, que reside em Pelotas há mais de uma década. Francis disse que a ideia foi mostrar um pouco de cada atração dos eventos festivos nordestinos.
A artista lembrou que os festejos juninos são fortes no Nordeste em função de diversos fatores, como a religiosidade, e por ser esta uma época de fartura agrícola. Já as danças e até mesmo a culinária típica são o resultado da mistura das culturas europeia, indígena e africana.
Francis, que tem uma companhia de teatro de bonecos, convidou o ator pelotense Gengiscan Pereira para ajudá-la na manipulação dos fantoches. Pereira, formado em Teatro pela UFPel, experienciou o mamulengo pela primeira vez. "Estou adorando."
Sobre o evento, o ator comentou que, por causa das universidades, Pelotas recebe pessoas de diferentes partes do país - e que, por não estarem em sua terra natal, se sentem solitárias e precisam ser acolhidas. "É importante essa união, ainda mais agora que o povo nordestino tem sofrido ataques."
Do Ceará
Uma família de cearenses, em Pelotas há quase 30 anos, foi relembrar e mostrar aos filhos a cultura de seus conterrâneos. Aldeide Gomes veio para o Sul com a irmã, depois da morte da mãe.
Pelotas foi escolhida porque um irmão morava aqui. "Hoje os netos e os filhos são daqui, mas a gente volta para lá de vez em quando para visitar os parentes." Quase pelotense, Aldeide diz que só não se acostuma com o frio e com aquelas semanas de chuva.
Junto com eles, a amiga Francisca Silva, professora de 42 anos e há 27 em Pelotas. Francisca e Aldeide contam que as mães delas eram da mesma região e se conheceram na juventude. Só elas não sabem contar o motivo de as famílias terem vindo para o Rio Grande do Sul quase na mesma época.
Francisca veio com a mãe e irmãos, pois o pai dela tinha vindo antes para Pelotas em busca de uma vida melhor. Apesar de ter saído do Ceará com 15 anos, a professora diz que nunca esqueceu suas raízes e faz questão de cultivá-las.
Neste domingo, quando perguntaram quem eram os nordestinos que estavam na festa, ela disse que ficou com vergonha de levantar a mão. A timidez foi porque estava emocionada e não queria fazer feio. "Fiquei com vontade de chorar", revelou.
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